Neste final de semana inspiradíssimo que tive, conheci mais um Poeta através de uma matéria de jornal!!!
Eu sempre brinco que é somente assim que um poeta tem vez... pois não há espaço aos poetas
na TV, nos Jornais... na escola, no dia a dia... Ensina-se mal a poesia, fala-se mal dela, enfim!
Não era qualquer poeta... Nunca é!...
Helberto Helder me surgia severo em uma fotografia em preto e branco, ( nenhum poema seu na tal matéria do tal jornal! ) e uma enorme citação a sua vida reclusa e talvez esquisitisse de artista, de nunca dar entrevistas!
Poeta Português nascido em Funchal na Ilha da Madeira, extremamente viajado, extremamente poeta!
Considerado um talento grandioso de suprema expressão da língua portuguesa desde Fernando Pessoa
(Curiosidade: Muita gente acha aqui no Brasil, que Fernando Pessoa é brasileiro, mas ele é Português! )
Dono de uma linguagem particular e genial.
"A Lingua do Abismo", me impressionou e me chamou atenção total, debrucei-me em pesquisas 'googônicas'! E eis mais uma postagem que amei fazer!
Se houvesse degraus na terra... Se houvesse degraus na terra e tivesse anéis o céu, eu subiria os degraus e aos anéis me prenderia. No céu podia tecer uma nuvem toda negra. E que nevasse, e chovesse, e houvesse luz nas montanhas, e à porta do meu amor o ouro se acumulasse. Beijei uma boca vermelha e a minha boca tingiu-se, levei um lenço à boca e o lenço fez-se vermelho. Fui lavá-lo na ribeira e a água tornou-se rubra, e a fímbria do mar, e o meio do mar, e vermelhas se volveram as asas da águia que desceu para beber, e metade do sol e a lua inteira se tornaram vermelhos. Maldito seja quem atirou uma maçã para o outro mundo. Uma maçã, uma mantilha de ouro e uma espada de prata. Correram os rapazes à procura da espada, e as raparigas correram à procura da mantilha, e correram, correram as crianças à procura da maçã.
Outros termos adjetivos a este Poeta me chamaram atenção: Pastor das Palavras, Diligente... Genial!
"...o uso de metonímias, voltadas a construção de uma linguagem unica, em que a surpresa de sua construção não é gratuita (...) o recurso do verso livre sem sacrificar o ritmo - ao contrário, enriquecendo-o ao "segurar"o texto num torvelinho de imagens oníricas de áspera beleza."
Não te queria quebrada pelos quatro elementos.
Nem apanhada apenas pelo tacto;
ou no aroma;
ou pela carne ouvida, aos trabalhos das luas
na funda malha de água.
Ou ver-te entre os braços a operação de uma estrela.
Nem que só a falcoaria me escurecesse como um golpe,
trêmulo alimento entre roupa
alta,
nas camas.
Magnificência.
Levantava-te
em música, em ferida
- aterrada pela riqueza -
a negra jubilação. Levantava-te em mim como uma coroa.
Fazia tremer o mundo.
E queimavas-me a boca, pura
colher de ouro tragada
viva. Brilhava-te a língua.
Eu brilhava.
Ou que então, entrecravados num só contínuo nexo,
nascesse da carne única
uma cana de mármore.
E alguém, passando, cortasse o sopro
de uma morte trançada. Lábios anônimos, no hausto
de árdua fêmea e macho
anelados em si, criassem um órgão novo entre a ordem.
Modulassem.
E a pontadas de fogo, pulsavam os rostos, emplumavam-se.
Os animais bebiam, ficavam cheios da rapidez da água.
Os planetas fechavam-se nessa
floresta de som unânime
pedra. E éramos, nós, o fausto violento, transformador
da terra
Nem apanhada apenas pelo tacto;
ou no aroma;
ou pela carne ouvida, aos trabalhos das luas
na funda malha de água.
Ou ver-te entre os braços a operação de uma estrela.
Nem que só a falcoaria me escurecesse como um golpe,
trêmulo alimento entre roupa
alta,
nas camas.
Magnificência.
Levantava-te
em música, em ferida
- aterrada pela riqueza -
a negra jubilação. Levantava-te em mim como uma coroa.
Fazia tremer o mundo.
E queimavas-me a boca, pura
colher de ouro tragada
viva. Brilhava-te a língua.
Eu brilhava.
Ou que então, entrecravados num só contínuo nexo,
nascesse da carne única
uma cana de mármore.
E alguém, passando, cortasse o sopro
de uma morte trançada. Lábios anônimos, no hausto
de árdua fêmea e macho
anelados em si, criassem um órgão novo entre a ordem.
Modulassem.
E a pontadas de fogo, pulsavam os rostos, emplumavam-se.
Os animais bebiam, ficavam cheios da rapidez da água.
Os planetas fechavam-se nessa
floresta de som unânime
pedra. E éramos, nós, o fausto violento, transformador
da terra
Nome do mundo, diadema.
De longe ele me parece o Fidel...(!)(?)
Poesia
- Poesia – O Amor em Visita (1958)
- A Colher na Boca (1961)
- Poemacto (1961)
- Retrato em Movimento (1967)
- O Bebedor Nocturno (1968)
- Vocação Animal (1971)
- Cobra & etc. (1977)
- O Corpo o Luxo a Obra (1978)
- Photomaton & Vox (1979)
- Flash (1980)
- A Cabeça entre as Mãos (1982)
- As Magias (1987)
- Última Ciência (1988)
- Do Mundo, (1994)
- Poesia Toda (1º vol. de 1953 a 1966; 2º vol. de 1963 a 1971) (1973)
- Poesia Toda (1ª ed. em 1981)
- A Faca Não Corta o Fogo - Súmula & Inédita (2008)
- Ofício Cantante (2009)
Ficção
- Os Passos em Volta (1963)
- Apresentação do Rosto (1968).
- A Faca Não Corta o Fogo(2008).
Fonte : Jornal O Estado de São Paulo, Sábado27 de Novembro 2010. Áspera Beleza na Lingua do Abismo de J. C. Ismael.
Wikepedia.
Jornal de Poesia.
Claro que dedico a sincronia deste encontro abençoado com Herberto Helder, e esta postagem aos meus novos amigos portugueses, e a todos os leitores do Cova do Urso!
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