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POESIA NA CARNE!
POESIA NA CARNE
*
Cantos do Último Inconfidente
William
Marques de Oliveira
Poemas de 1999 a 2001
Ӄ preciso ter pressa para ver o
que está desaparecendo.”
ÍNDICE
10 - DIABOS VERMELHOS
13 - AS MARIONETES DE
FOGO
22 - Casa de Poeta
29 - PROPAGANDA OFENSIVA
32 - POESIA NA CARNE!
34 - Corrompido Querubim
38 - Quadras Incertas
ao Pássaro Convulso
42 - Sagrada Poesia da
Vida ou
Canto do Profeta
Escondido
46 - Corpo Feito de Céu
49 - O Homem que guardava
segredos...
52 - Cantilena Infantil
ao Soldado Romano de Baependi
55 - Das Dores de
Parto...
60 - Do Comentário das
Crianças
65 - Conselho da Bruxa
Virtual
70 - Fome Literária ou
O Vício Triste de
Quintana
71 - Despedida para mim...
74 - Você de Gato e sem
SAPATO!
76 - Amor em Botão
Desabou
77 - Bicha Loca
Sobrevive!
80 - Desfile da Majestade
82 - A arma de um poeta é
sua caneta!
83 - Retorno
84 - Cantigota Jocosa
de um Querubim
Flechadô!...
88 - Poeta Natural,
Mineral e Gasoso...
90 - Rima BARATA
91 - Rubi Vermelho
94 - Paixonite Aguda
95 - A Cura tão Esperada
98 - Fossa...
99 - O Tamanho do meu
amor
100 - O Último
Inconfidente
103 – Papilow
105 – Versinho bom de
Resenha
da Tarde
108 - Aguadeiro
111 - Ode a Bêbada
117 - O Menino Aborígene Sulamericano
120 - Gatos Pretos no Quintal
da Madrugada
121 - A Força do Poeta!
122 - Minha Própria Lenda!
124 - Tradução: Quase
Triste
128 - Diagrama da Serpente
132 - A Hora Derradeira
134 - Mitologia Simbólica sem saber fazer...
135 - Docê´ncanto!
137 - Você na Chuva
138 - Bra (n) do
141 - Quando a poesia chegou em mim
144 - Sobre este livro...
145 - William Marques de Oliveira
“E o verbo
Divino se fez carne
e habitou
entre nós!”
João 1,14
DIABOS VERMELHOS
'Pensando nos diabos
Me aparecem os
rabos!...'
E eles vêm-
rechonchudos
E rosados
Pilotando
motos vermelhas
De não sei
quantas cilindradas
Em meu
peito adentram sonoros
Corados
querubínicos
e
loucos
de amor
e desejo
por serem amados!
Montados...
Feito
cavalos bravos
Ainda em
suas motos
vermelhas
demais
Prontos para
qualquer destino!
Eles não
usam capacetes
Para não
estragarem o penteado
E eu que
tenho sonhos puros
Mas carregados
de imprevistos...
Escuto-os...
Com suas
vozinhas roucas...
De desejo a
gritarem por mim
No portão
de casa!
Eu não me contenho
Seduzido e sedutor
Pouco depois
Sou o vento zunindo
em um capacete apertado
Minha paixão se renova
Quando
deles me recordo
Evocando-me
Seguros de
si
Todo
sedosos
A clamarem
por mim
no portão
Diabos
Vermelhos
Ardentes de
paixão!...
_________
20/01/2001
AS
MARIONETES DE FOGO
- Destino,
quanto tempo? - Saúda
o Bobo da
Corte Cósmica...
O vívido
palhaço reverenciando
o Velho
Destino. - E o Presente
e o Fururo?
Como eles
têm passado!? – E ele
ri de si e do
trocadilho possível!
E o
Arlequim segue enquanto ele ri.
- O que me
conta deles?
O que me
tens roubado?
Meus
versos,
minha vida,
meu FOGO
SAGRADO...
De lumiar
meus sonhos? – Continua
já nada
respeitoso
o palhaço
picardíaco!
E sufoca
seu interlocutor
em interrogações
existenciais
e
estratosféricas!
Não para:
- O fio de
ouro das Fiandeiras?
Acaso
mentirás para mim agora?
Que descobri tua
(arte)manha
e tudo de ti? – E o Velho Destino
já assustado com aquele pentecostes colorido a
banhar-lhe
os ouvidos
começou a afastar-se bem lentamente.
Com as costas arqueadas e doloridas.
- Vai embora! Agora que não quero
mais
ser
fantoche?!...-
Seguiu
destemido o palhaço em sua
fala
difamadora: - E me livrei
da teia
da bruxa
má!!!... - Silêncio
- Acaso
mentirás para mim agora?!!!
O velho se
afastava e começava
a sumir na
bruma, diante
dos olhos
inquisidores
e insanos
do palhaço.
Logo não
havia ninguém
para
responder...
Apenas o
bobo de pé
no salão
vazio.
Até o baile
já havia acabado.
Então ele deixou
cair
a garrafa
de anis de sua mão,
espalhando
a bebida
em
caquinhos de vidro verde
a molhar
confetes
e serpentinas
no chão.
...................................
Somos
amarrados à vida
ou a cruz
Fomos
presos
E a
Serpente do Éden
É feito um
vendedor experiente
que nos
enrola cada vez mais!...
A Serpente
nos oferece o prato fino,
Este é o arquétipo do golpe
do Destino,
o desvendar
deste mito!
E quando
aceitamos
seu produto
bom,
pagamos um
valor
absurdo do
carma negativo!
E o
desespero oculto e selvagem
A Ironia:
Querer
viver,
ser jovem,
ser belo,
ser rico,
...saudável
e feliz...
É antes de
querer
Só ter
coisas boas e brinquedos
Bonitos e
caros
É uma
necessidade ancestral!
Antes de apenas
fugir da dor
uma Verdade
Latente em nós!
Nos
enlouquece
até esquecermos
da bondade
caridade
e do diabo
a quatro!
..................................
Óh Mago
Cruel Destino!...
O dizes?...
Descobri
que posso trilhar
o meu
caminho
Criar meu tempo
É que sou
filho das Avós Aranhas
que teceram
o Universo
Mas também
descobri que
tu és o meu
parceiro...
Quem
diria?!...
Nem és
cruel se sou eu
que me
escravizo!
Descobri
que tudo que devo
'pagar' eu queria!
Eu comprei
na lojinha da esquina
da vida
vendedora-loira e peituda!
Mas a dor
a tristeza
e o desatino humano
parecem um
vício sem final
Fios nos
laçam e nos prendem
e nos
cortam a carne
E
desesperam
Pois não
temos pra onde ir
E nem
certeza alguma se há
fuga
desta vida
louca
e humana!
...............................
Ó Mago
Mortal
Crudelíssimo
Destino!
Ata-nos a
alma ao corpo
Somos
marionetes de fogo
A deixar um
rastro de luz
na
eternidade...
Marionetes
de luz
no Palco da
vida!
Divertindo
deuses gorduchos
Comilões e
fanfarrões que
Possuem seu
Big Brother
Para
assistir quando se fartam
Dos prazeres
da noite eterna!
Casa de Poeta
O verso é singelo,
A parede é viva!
As portas e as janelas...
são bocas que falam e cantam
são bocas de cantoras
'de Jazz Band'
gordonas e negras...
O relógio despertador
é um pássaro
que vem bater com o bico na janela
convidando a sair pra fora da casca
e cantar com ele
e seus companheiros passarinhos!
O alvorecer de um novo dia
Casa aconchegante
livros na estante
Onde é fácil receber uma iniciação
em artes mágicas e ocultas...
Ou apenas um abraço!
Onde aprende-se um pouco do viver
se não tiver orgulho,
do cantar e do sofrer
E compreende-se
que esta é a maior magia
A poesia que liberta também ensina!
O conto de fadas unido ao dia
Há momentos de silêncio
e de música,
de estratégia e de saída pra guerra
...ou pela culatra!
Com bandeiras vermelhas e amarelas!
Há refúgio e paz do Útero da Mãe...
As fontes do jardim são agraciadas
e jorram rios para a eternidade...
Local onde os pássaros voam
mais vezes
e as flores quando florescem
tem mais cores, mais perfumes...
para ofertar!
Na casa de poeta
a comida é temperada com poesia
A poesia é o ganha-pão
de quem mora ali!
E o telhado é feito
de brigadeiro de panela...
As paredes são
feitas de wafer
Uma filial
da “Fábrica de Chocolates”
Em dia de festa!
Lugar onde o verso baila no ar
e onde os Mestres do Arco-Íris
podem irradiar seus raios sinceros.
Onde o canteiro de um romance real
é regado com doçura...
E floresce para todos
E brotam
até mesmo flores astrais!
Se o poeta tem uma companheira...
ou um companheiro,
nestes tempos modernos,
vai que seja!
Ele sabe reger a calma,
a paz e o tambor
do relacionar-se-desafiador!
Casa de Poeta
Onde todo grito se transforma
em verso de amor!...
A solidão necessária,
não deve ser um vício.
Um cachorro brincalhão sempre contente!
(Um bicho mostra
que os et's estão presentes!)
Na casa do poeta,
mora a Sabedoria,
o Milagre e a Vida!
Moram coisas bonitas
da Dimensão do Sonho e do Imaginário...
Quimeras Coloridas
Esfinges
Serpentes-aladas...
...É abrigo de Mitos e Heróis...
e também dos Anjos
e dos Seres Bondosos do Além
Estes feiticeiros da palavra
vivem bem...
Em uma atmosfera de místico encanto
A dor da vida é alquimizada
todo dia em um fantástico laboratório
Que é seu caderno de anotações!
...
Sempre que puder visite um poeta
É um privilégio visitá-los!
Vá até sua casa
E então apenas perceba...
Apenas perceba toda poesia...
No ar
E a dor da vida mesclada ao sobreviver
Em saudade e furor
Em verdade e fé!
E se em sua casa ele lhe
oferecer água, então beba!
Da fonte... Da água da vida!
Na casa do poeta a confirmação
do verso e do Ser-Poeta...
É sabido que de seu próprio corpo
nasce canção!
O corpo é fonte de música
e instrumento
O peito-canção
a ser dedilhado por Deus
A confirmação do verso
vem na tarde de domingo
a sua transformação no dia a dia
O poder transformador da poesia
está na casa de um poeta!
*Para minha tia
Meyda, que estava cozinhando o almoço,
enquanto eu escrevia
este poema na varanda.
Para a Professora Iná Brasílio
e seu Sítio Solar.
Para as andorinhas da manhã
que dançavam diante de mim.
PROPAGANDA
OFENSIVA
Já beijou
um poeta?... Não?!
Sentir toda
poesia
te
envolvendo a língua...
Vertigem
Que te
levará ao céu da boca!
Saberás da
fonte
onde brotam
seus versos
Cuidado
para não queimar no fogo
na luz
Não se
afogar no beijo
Na água elétrica-viva
em sua boca
ou se
machucar nos meteoros que saltam
de seus
olhos farpas de estrelas
Sua boca
cantora
inundará
de música a
sua boca também
Seu ser
será
invadido
por um novo
acorde Divino!
E teu
arrebato será um Batismo!
Até seu
corpo brilhar e ser tomado
em elevação
ao Paraíso
ou
consumido de sol por dentro!
Já beijou
um poeta?
Não?
Então beije!...
Mas quando
dois poetas se beijam
nascem
novos mundos...
Novos
Universos
Novos
Deuses da Luz...
Uma nova
língua dos anjos...
Impossíveis
versos!
POESIA NA
CARNE!
Poesia
na carne é quase um vírus
Poesia
na carne é quase um vício!
Poesia
na carne é tática
para
ascensionar o corpo
Em
brasa ao céu
Feito
Babel!
Poesia
na carne é um rito!
Poesia
na carne é “navalha na carne” com Vera Fischer vermelha!
Poesia
na carne é um grito!
É
a descida do Espírito Santo do Fogo no barro!
É
Pentecostes...
Arrebato!
Acalanto...
Poesia
na carne é fogo no DNA
Que
desperta o impossível na célula
A
descendência das estrelas
Poesia na
carne
É a
percepção de Deus em mim
E no dia a
dia pequenino da Terra!
_________
1999-2000
Corrompido Querubim
Citação Bandida...:
“Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno!”
.Chico Buarque
Provei nuvens e o gosto dos
ventos...
“Eu não sou daqui, não sou
Eu sou de lá...”
Eu sou de muito longe!
Eu vim de terras antigas...
Um Corrompido-querubim
de asas partidas!
Um Anjo
Barroco de Minas!
Que caiu do céu
Um cordeiro na pele de um lobo
Aqui a beleza dos homens me fere
(Deus disforme!)
Eles têm tanto e eu não tenho
nada!...
Pássaro convulso...
Adolescente barroco abarrotado de
espinhas
Era uma rosa vermelha
Em chamas!
(Medo?)
Eu beijei a boca
das Gréias desdentadas!
Eu cumpri os doze trabalhos de
Herácles
E corri com o leopardo de ouro
E chegando em primeiro
fiquei uma vida inteira sozinho
Enfim, só eu me tenho
só eu me basto
Devaneio
Eu sou além da conta...
Sou tanto que me canso
Que me confundo
e me perco dentro de mim!
Feito o Profeta do Fogo:
“ Gentileza X ! ”
Que o Novo Milênio amanheceu
Da sua boca
E de seus olhos...
escrito por suas mãos
Corrompido-Querubim
nas asas da imaginação partida!
Sonhou um mundo mais bonito
Um Novo Mito
Que nele primeiro desabrochou ...
Sozinho!
______
2001
Quadras Incertas ao Pássaro
Convulso
Se tu te sentas à noite
na varanda escura...
E me vez passar a luz da rua
Debaixo da solitária lua
E teu sonhar é com tuas
todas deusas nuas!
Saiba que sonho é com tua gostosura
E que por ti, ando perdido...
Danado de coração partido
E todos os meus versos brotam
ultimamente apenas
entre as tuas coxas grossas...
É isto apenas de mim!
o meu viver:
Sonhar com teu beijo
Deitar no teu peito imenso
E sonho ainda mais quimeras!...
Bandidas e deslavadas cenas:
Teu rosto róseo e forte
O pescoço robusto e teso
Tuas mãos fortes
irresolutas
me segurando
E eu
tal qual pássaro convulso...
me debatendo
querendo escapar
em asas nervosas
e topete empinado!
Colidindo-me
tremendamente
De volta a tua cintura...
Tremendo de prazer e duvida...
Contra as tuas pernas duras-duas
pedras
Duas rochas de granito obeliscas!
Tentando me conformar com esta vida
intensamente ardente!...
Refrão:
Teu nome labirinto achava perdido!
Serpente esquecida de voar...!
Até que eu cheguei e tivestes medo
Do voo que eu podia te ensinar!
Nota: Ele
ressurge no poema Cantilena Infantil ao Soldado Romano de Baependi, mais adiante.
_______
21/04/01
Sagrada Poesia da Vida
ou
Canto
do Profeta Escondido
Me conhecerão por sonhos
Por noites e manhãs vividas
em versos
e palavras sem medo ditas
aos quatro cantos do mundo
Nas ruas e países diversos
Saberão que parte de mim é vento
E que a lua tocou meu corpo mitológica
quando nasceu
em um céu noturno da minha infância
Me conhecerão pela canção do novo
amanhecer
Saberão...
que a vida trouxe a mim o seu canto
triste e feliz
...irreal...
E que qualidades distintas me deram
quando nasci os anjos esquecidos
E que os Reis que me visitaram eram
magros!
Saberão de mim as gerações futuras
que eu fui a dor e a delícia de
todas as coisas
Colhidas com fome!
Vividas com pressa!
A palavra acesa que tem dois gumes
Fere
“Indíscrima” e sólida!
Me conhecerão por noites e
manhãs...
Madrugadas
Baladas
Saberão que um dia viveu um homem
e ainda vive!...
Que a poesia resolveu inundar
a sua vida inteira...
Embeber suas roupas e o sol da
manhã
A camisa e a caneta no bolso dela!
Sua pele e seus objetos
particulares
Feito um perfume
Tanto que as pessoas que o
rodeavam...
nem todas aguentaram esta força
e se foram!
Um que como poucos foi
“O Eleito”
A cantar o que dizem os anjos que
choram
Por amor as virgindades que
protegem!
Para dizer as palavras ditas nos
Delírios de Deus!
_________
14/04/2001
Corpo Feito
de Céu
. Da música
Sky da Sonique
Para
Roberta Rocha
Olhe-me...
Sou da cor deste céu azul
Azul Imenso
Profundo...
O céu dessa gente não me cabe!
Me veja
Livre
Diáfana...
Absoluta!
Sei viver como ninguém sabe
Sei amar como ninguém sonha...
Sou um disparate...
Não tenho nada
E por isto tenho tudo
...E quando te vejo
Tocas todos os sentidos!
Então dança comigo!
Me leva
ao sétimo céu de Vishnu!
Me beija
e seremos eternos
Alcança
a minha alma
feita de azul de céu...
Tenta
Olhe para mim
Será que?...
Você consegue me ver?
________
2001
O Homem que guardava segredos...
Tive vontade de trazer
aquele homem velho e moreno
pra casa
Desnudar-lhe
o peito,
seria como abrir um livro/
O Universo inteiro!
Tive vontade de trazê-lo comigo
Ler em teu corpo
os códigos da vida
Ler teu peito
feito fosse um livro
Ler em teus olhos negros
as verdades do caminho
que leva de volta ao Paraíso!
Homem-canção
E eu solidão!
Homem livro...
Olhamo-nos apenas...
Ele tão moreno avermelhado
(Cor de beterraba avermelhada)
E eu tão branco rosado
(Cor das estátuas de anjinhos da
matriz – nos encontramos em frente a matriz!)
Somos um complemento...
Somos duas almas frágeis guardadas em
corpos tão fortes e guerreiros
Tive vontade de trazê-lo comigo
e niná-lo no peito...
e saber dele por onde anda
a canção desconhecida
A razão da minha vida!
O perfume das flores...
E se por acaso ele escutou o grito
do último poeta vivo-cantor!
***
Mas ambos
não tivemos coragem
De desafiar
o mundo juntos!
Cantilena Infantil
ao Soldado Romano de Baependi
Um soldado romano
Roubou meu coração
Em pleno Quadro Vivo
Encenação da Paixão de Cristo
na semana santa de Baependi
Era final de minha adolescência!
E com ele o rei
a roupa
e o rato de Roma!
Poderoso, grande, largo e forte
Vestindo
armadura de couro bruto
Pele da rosa mais pura...
Machucou-me o peito à lança e
vinagre!
Pensando ser eu o próprio Cristo
Pregado em sua paixão,
e riu de mim debochado
Só por estar apaixonado!
Mas esta
lâmina era pura de desejo
Nem ele assumiria...
O soldado romano de Baependi
marchava na Semana Santa
só para mim...
em pleno Quadro Vivo
de minhas tragédias de amor
infante!
Ele foi o meu Herói da
adolescência!
Hoje lê meus poemas
e nem sabe que só eu tenho
a lembrança daquelas coxas
descomunalmente grossas e
evangélicas!
Nem sonha que para ele eu andava
Fazendo tanta cantiga!
A luz da lua diante sua varanda...
Eu passava oferecida!
_______
2001
*O Quadro Vivo é a encenação da
Paixão de Cristo, e recebe esse nome em algumas cidades de Minas Gerais.
Das Dores de Parto...
Quando criança
alguma coisa me incomodava
Como pedra no sapato
ou formiga na cueca!...
E eu não sabia o que era!
E foi passando o tempo...
E algo sempre me forçava
a olhar para as estrelas
A escutar os grilos
Acordar a noite e olhar pela janela
E a estar sempre só!
Sentir a dor de viver e escutar - escutar
o quê?!
Deixar pessoas longe
É mergulhar num silêncio
Que diz tantas coisas!
E esta solidão me levou a estar
com as montanhas e ouvir suas
histórias...
Sentir o que elas sentiam!
E pude ler os rios
Libertar os pássaros das gaiolas!
Algo me pedia para
olhar o sol bem fundo
até queimar os olhos!
Algo me induzia a querer olhar
sem proteção para o eclipse
Uma vontade doida me punha
a rodopiar até cair de entontecer
No chão do quarto
Abrir os olhos e ver o mundo
girando
e eu ali
Em paz no chão!
Hoje sei...
Era a Poesia, querendo nascer
Brotar de mim feito um rio
Uma Pirapora
Uma fonte de água viva no peito!
Adendo:
“A poesia me ensinou
que apontar as estrelas
e contar urubus
não dá verruga!
Que chupar manga
e tomar leite
não mata!
E que tomar banho de chuva
ou dançar na enxurrada da rua não
resfria!
Mas que olhar o eclipse
sem proteção
pode ser fatal!...”
(É que
temos tão pouca luz em nós...!)
Mas um dia
seremos o próprio sol!
______
2001
Tudo isto a poesia me ensinou
Em um verão!
Do Comentário das Crianças
Quando passa o poeta na rua
As crianças gritam e dançam
Desvairam!
E loucas não param
o futebol entre pedregulhos
feitos de gol
E correm em torno dele
A chutar-lhe as canelas
E sempre a bola acerta-lhe a nuca!
E vão com ele e o lance tem que ser
ao seu lado, e perdurar até a esquina!
Acertando sua cabeça e as costas
Duas ou três vezes...
Em grande algazarra!
Depois qe ele é bastante acertado
uma para as outras cochicham matreiras
entre gritinhos e risinhos feito
duendes
Intercalados a breves silêncios
Param então a bola de girar
Habilidosos na ponta dos pés e
dizem boateiras:
-
Ele é poeta!...
-
Ele pega a palavra e faz assim:
p
a
l
a
v
r
palavra
p
a v
l r
a
a
p
a
l
a
v
r
a
p
a a
r l
v a
a v
l r
a
a
p
“...Laiá Laiá procurando você
Quem te viu? Quem te vê?”
Conselho da Bruxa Virtual
QUIETO GAROTO
A vida tem cismas e segredos
que não se pode revelar!
Se não eles te pegam...
Se não eles te matam!
Os Crustáceos Cristãos...
Os Tristes Tritões!
Os Aneurismas Cerebrais
As Donas Neuras do Partido Perdido
no “Suvaco” de Cristo!
Não veja nada
finja...
Ser cego
Finja ser burro
Finja!
Ser mudo!
E jamais poeta!
NÃO CANTE!
Se não eles te pegam...
Se não eles te apagam!
Com armados tridentes até os dentes
As fadas azuis de Mnemosine
Te perseguem com lanças e véus te
atam
Os Dragões Negros da China
As Borboletas de fogo do Japão
As Bruxas Malignas de Oklahoma
Os Sete Curetes de Zeus!
O que tu queres?
...Louco!
Pixiuuuuuuuu!
Cala-te
Não-can-ta!
enquanto é tempo e mata esta tua música
em teu peito ainda
Estrangula ela na garganta
E não deixe que saia
Que ninguém a ouça!
Antes que vaze pelos cantos da
boca!
As Fiandeiras te laçarão
com o fino fio d'ouro
Cuidado!
Que neste mundo ser poeta é crime!
E manifestar beleza é ser
vagabundo!
...............................
O tempo passou
e em uma manhã de domingo
me veio o simpático Curupira
e disse faceiro:
-
Fique calmo amiguinho cantante!
Cante à vontade! Pode alegrar teu semblante.
Não temas todo este folclore! A Bruxa
Virtual não bole com quem ama viver...
E acreditei no Curupira de pés
enormes e sensuais virados para trás!
E cantei!
E a minha Liberdade de Renascer!
RESNASCEU
Verso Base:
E eu
acreditei no Curupira
Que me
disse:
Canta
Porque nada te matará!
________
10/05/01
Fome Literária
ou
O Vício Triste de Quintana
Não me contenho...
A esperar qualquer mínimo sinal teu
Ponho-me a escrever
besteirinhas de fogo
Em meus cadernos de inverno!
Algumas
folhas estão coladas...
Outras
respingadas de estrelas
ainda
estão molhadas...
Despedida para mim...
O que é despedida?
Despedida pra mim
“Não é choro nem vela!”
Não é dor nem grito...
É silêncio!
É matar um poema no peito...
um verso que abortou antes da hora!
É impedir um fluxo...
Do amor?!
Ora, não me venham com estas
filosofias do amor!
Q'eu sou um homem que nasceu
com a insígnia da dor
A marca da saudade me queima e
arde!
Que é feito a companhia
de um velho fantasma marinheiro!...
À luz de todas as noites de luar
da eternidade...
Um verso negro!
Uma bandeira de pirata...
Um fino rum na garrafa
Um baú de tesouro vazio...
Um amor perdido!
E o peito partido
Sem honra e molhado de chuva...
Cantiga:
Eeêh! Cancioneiro que
saudade...
tua canção,
tua alma vibrante
tua verdade!...
Você de Gato e sem SAPATO!
Vou te seduzir aqui!
Agora
Desdenhar o teu não
Vou queimar tua boca com a minha
Vou jogar você no chão
feito uma boneca
de pano e feia!
Desnudar sua vaidade e
Te vestir de prazer e fino refrão
Te banhar com leite
de cabra
e luzes
O teu corpo acender
em libação...
Em vestes de prazer
Vou te vestir
e serás homem-mulher
Andrógino ser...
Deus vestido de carne humana
Eu vejo o sagrado
onde todos veem o profano
Amor em Botão Desabou
Te dei uma rosa que jamais
cresceria!...
“Matei-a
por ti!”
Em sacrifício vermelho
ao nosso amor!
E você não entendeu...
Você nunca
entendia nada!...
Bicha Loca Sobrevive!
Saia daqui! Vagabunda!
Os teus olhos superiores de quê?!
Me irritam...
Incomodam
Me enojam
Enlouquecem!
Saia! Me cansei!
Você era uma flor em meu jardim
tão pura e bela jasmim
Mas você enlouqueceu
E pisou em tudo!
Você matou com o seu olhar de
Medusa
Cada broto que surgia de nossa
primavera
E me transformou em pedra também...
Com a sua boca de Górgona horrorosa
me cantou mágoas...
reclamou de tudo e de todos
enojada de um dia de sol
murmurou contra a vida!
Não fez caso da alegria e da boa
lida
Negou três vezes o meu eu em ti
E eu desprevenido
Petrifiquei
E foi por um milagre
Que um Teseu-moreno
Te cortou a cabeça e me curou da
pedra
que você fez de mim!
Só poderei rir de você agora...
Chorar não mais!
Vá para os braços dos teus ais!
Transcendi você!
Sai daqui!!!!!
Loca!
Desfile da Majestade
Em Primeiro
encontro na rua, após separação:
Eu vinha descendo a rua
E te avistei bela feito a lua
Surgindo de trás do casario antigo
Fazendo brilhar o paralelepípedo
da ladeira...
Puxei o ar com força
Vesti todo o meu orgulho
deixei cair a máscara doce...
Um Rei deve manter a sua pose,
e se orgulhar com ponderação
de seu posto.
E se eu tivesse um pajem
Lhe diria naquele momento:
-
Vamos, dê-me cá o meu cajado ainda que quebrado, e o
meu manto sujo
e gasto de ilusão, ilumine as minhas botas carmesim
q'eu vou passar soberano por ela!
*
A arma de um poeta é sua caneta!
Retorno
Vou pra casa agora!
de novo preciso
ficar comigo
Costurar colchas de retalho...
Montar um livro
de poemas
de ficção científica década de 20!
Que meu quarto seja um abrigo!
Conversar com meus pesadelos e
sonhos
e dizer a mim mesmo
que ainda estou aqui!...
Que sempre estarei comigo!
Cantigota Jocosa
de um Querubim Flechadô!...
Eu sô flechadô!...
Eu sô flechadô
sim sinhô!
E a menina inocente
que tome cuidado!
Se eu aparecê de repente
Lá nu seu telhado
Só vai sobrá ilusão...
Só vai sobrá paixão
Vai injuá di buneca
Iguar música do Lua
E o deseju rubro
A molha seu vistido
Im deliciosa chuva natural
Sem si preocupá com o vendavá!
***
Foi o meu peito que encantou!
Querubim flechadô
Me matou de paixão...
Esse anjo do mato
Imprevisto repente
na vida da gente
que devia ser mais consequente!...
***
...Mas então que um dia
apareceu...
Tão róseo
Tão cheio de amô!
Seu peito desnudo
Pedia uma flecha
Pedia uma paixão!!!
E eu que sô querubim flechadô...!
Não sô de fazê um negado
Mandei-lhe a flecha ali mesmo
no portão...
***
Mas dia também fui surpreendido!
É que me flechou a dor da vida
Foi por um querubim inocente
Que me deu de presente...
Sua flecha final...
E eu me apaixonei por viver...
arlequim flechado
poeta mau olhado
/mau amado
...na solidão!
Sete vezes coroado!
Poeta Natural, Mineral e Gasoso...
A poesia é a minha oração
natural e viva
A poesia é a minha religião
Que brota feito um córrego
do meu peito que é mina!
Uma fonte de água mineral
Ela é blasfêmia e louvor!
Deste poeta marginal
A poesia é a minha religião
meu operis naturalis
a minha função
e a minha causa!
O meu risco...
A minha cachaça
tal qual Drummond...!
A poesia é o fruto que dou
da árvore que sou.
Rima BARATA
Mergulhei-me na sombra da noite
e as estrelas me disseram
que você não vem não...
Que o meu céu
era só um engano
e que a paixão vazou pelo cano!
-
“Dona Baratinha, não se casa nunca!”
Rubi Vermelho
.Para
aquela namorada loira
É sol que aquece e torna forte
este peito alado de sonho.
E quando você vem com seus
mistérios...
Com suas canções e bilhetes
cheios de poemetos
de J. G. de Araújo Jorge
Mario Quintana sumarento
E Drumond...
Tenho medo!
Quase vejo o despertar
de um tempo bom...
Quando você vem Violeira do Sertão!...
E eu só posso me entregar...
Quando você vem com suas promessas
e mentiras doces
Entrego o meu coração!...
Pois sei que não me mentes,
mas é impossível o nosso amor!
Tu sabes
E eu te amo tanto...
Me enxugas o pranto
e me dá bolo de milho com erva doce
no café de tarde...
Quem te disse que eu amo bolo de
milho?
Advinhas tudo!
É a flor namoradeira
E eu em troca te dou uma canção
A cada tarde
Tentando resolver
O impossível amor
Sobreviver!
Dentro de mim... Ainda indeciso...
Paixonite Aguda
Este verso não era para ser
romântico!
Nem para ter desejo...
Mas quando te vejo!...
A Cura tão Esperada
Traz pra mim
toda esta imensidão do mar!...
E todas estas mãos que o dividem...
Em versos de Cecília Meireles!
Naufrague barquinhos de papel
na enxurrada, nas poças d'água
Deixadas pela chuva e pelo vento...
cheias de flores de ipê amarelo
Vem e seja AQUELA presença!
Aquele alívio...
Aquele rio de cristal ao sol
a matar a sede do mundo!
...Do meu
mundo que secou!
Vem! Seja chuva!
Penetre dentro das rochas
do meu peito...
Mata minha sede!
Revive o meu desejo
e a minha fome de viver desperta!
Atiça a brasa viva em meu peito
Torna meu mundo vivo!
Seja aquela cura tão esperada
Aquele alívio...
Então a vida será doce afinal!
E minha oração recebida por Deus
E eu serei eterno agradecido
e me tornarei o homem-canção!
Fossa...
Cigarras cantam, bebem e choram,
Por anjos distantes do Paraíso
nesta noite
ao luar...
Na roupa o
cheiro do cigarro,
no peito a
voz que diz...:
Só de amor
é que eu preciso!
E o beijo vem de um nome
desconhecido!
O Tamanho do meu amor
Já não sei mais quem eu amo!
Se Tereza ou Raimundo
Só sei que este amor que eu tenho
É maior que o mundo!
O Último Inconfidente
O que adiante
vai já é vermelho...
É verso!
...que arde em meu peito
É sangue rubro
de intranquila chaga!
Já é alma de nossas almas
Um Estandarte de guerra!
Uma bandeira ao vento sul
A liberdade avança...
Soberana ainda que tremulante
(No meu verso)
Arde nosso brasão
Nossa Poesia
Nossa Pátria
Nossa Arte
Nossa Língua!
Não posso mais ficar quieto
Um Novo Mundo precisa surgir...
Um Novo Tempo!
Verso Base:
O que adiante vai
já é vermelho...
É verso!
É sangue
rubro
de intranquila chaga!
Variação:
O que adiante vai já é vermelho...
É sangue
é vaga
é asa!
A Primavera do Fogo!
Papilow
Tornei-me a tua flor
Uma borboleta colorida
A papilar pelo céu de tua vida!...
Olhe-me
Cante-me
Beije-me
E nascerão palavras vivas
Crua Poesia
Com nervos vivos!
E nascerão palavras de água e fogo!
Trovões!
Dos nossos beijos
Alimento
Da união de nossas bocas:
Borboletas!
Versinho
Bom de Resenha da Tarde
As flores
de maio
tocaram o
meu coração
e novos
dias de alegria
se fizeram
antão...!
Minha mãe
cantava Eliz...
E na casa
o sol da
tarde iluminava por dentro
tingindo
tudo de laranja
como nunca
antes
A casa
inteira, cada cômodo!
Os
corações...
A casa se
tingiu
e era feito
uma moranga doce em caldas com canela vista por dentro!
Pela cor do
sol poente
com sua luz
em nuvens
de
tempestade refletida
Luz que
atirou um raio cor de opala reluzente nos meus olhos...
Enquanto a
vó, as tias e a prima
preparavam
tudo para o jantar
A janta
ficava pronta
às cinco e
meia da tarde!
Carne moída
com ovo mexido e tomate, inhame, arroz e feijão.
Em minha
boca o gosto da tarde
era do
Egito!
Não sei o
motivo...
Meu avô
chegava em casa
com o
resultado do bicho:
Gato na
cabeça!
Leão
Cobra
Pavão!
Tudo bicho
egípcio!
_________
14/03/2000
Aguadeiro
Minha vida
é uma fonte
Meu passado
uma barragem
Meu presente
um rio-tempo
Meu futuro?
O oceano!
E minhas
águas fluem para ele
brilhantes...
Mar da Vida!
Tempo
que não para
de correr
E um dia
serei poeta
E deixo de
te maldizer!
...............................
Nota vinte anos depois:
O rio-tempo
é uma nova percepção...
Que surgiu nos tempos destes poemas feito em diários-de-menino.
Cantilenas
para as quais eu não tinha linguagem suficiente
Para
compreender e expressar a imensidão que eu sabia... Sentia.
Arriscava
em mim!
O Tempo. É
uma fonte de vida em mim...
Diferente
do que os outros sentem sobre o relógio. A mim ele alimenta, sem eu saber.
Sou tão
ignorante ainda que apenas sinto...
Apenas sei arriscar
em verso o que no futuro eu descobriria ser O Pentecostes da Quântica...!
Ode a Bêbada
. Para "Beba da Chama"
de Paulinho da Viola
I –
Apresentação da Queda
pela embriaguez
divina
da mulher-bacante
Espírito;
Carne e Desatino
Sacrifício;
Vinho;
Cristo-Dionísio
e Luar
Há mil
luzes em teus olhos
e beijos de
fogo
em tua
boca-borboleta Destino!
No teu
corpo há luz mulher
que apimenta
A queimar em
labaredas
tuas
orelhas vermelhas
enquanto eu
no
resplendor do luar
sussurro
prazeres em teus ouvidos
com meu
hálito de enxofre!
Dois
perdidos (?)
Eu sim, sou
diabo...
Rumando ao
Paraíso!
A bêbada
cai na vida
Perdida!
II- A
Bêbada Cai na Vida
Tudo isto
em uníssono...
Como é que
foi mesmo?
Assim:
Peixes;
vasos bicolores,
luzes e
cacos de vidro...
Corpos
bronzeados,
prismas e
ilusões...
Tambores...
Girando
espelhos
Na cabeça
da mulher-canção
Ela caiu
bêbada
por uma
intrépida dança!
Ela caiu
tonta
por uns
goles à mais...
Doída de
uma intranquila chaga...
Vazia
de amores e
medos!
Em que sono ela se deita?
Se não no
triste sono do amor
A si mesma em
abandono...!?
Abandono de
quem não tem mais nada
e agora
canta...
dança
louca
folia-mulher!
Ou
silencia!
Rica feiticeira
da dor
Mulher-poeta
sem amor
ferida
sobrecarga
caída
cansada /
cansioneira!
(Cancioneira
do Destino)
No Canto...
da mesa de
um chão vagabundo!
III- A
Sábia
A Bêbada é
mais:
Ela é uma
estrela louca e fulgura
de rota inserta
insefgura
difusa e
“piruética”
A dispersa!
A cantar
maravilhas...!
A bêbada é
um samba enredo
engasgado
em mim...
Que um dia
vai desaguar em ti...
__________
21/07/2000
O Menino
Aborígene Sulamericano
Quando na
tardinha a chuva vem
Eu precinto
Todos os
calores e abafamentos
e no peito
bem por dentro
ao mesmo
tempo
me corre um
frio...
um vento!
E aborígene
eu corro
eu danço
vivo no terreiro de casa
Aos raios e
trovões que já anunciam
Na vida a tempestade vai passar!
Aqueles
raios escrevem no céu
Que os
tambores todos são meus!!!...
Cena:
A chuva se
arma no céu
nuvens rápidas
aos galopes
feito
cavalos de nuvens
vem os
raios montados em nimbos
E eu menino
Sinto
o vento me invadir
por dentro
E consigo
ler as profecias do céu
E a
mensagem dos raios em riscos
na tela
que se
pinta diante de mim
Sei apenas
Tudo isto
Preciso
Nada sei
explicar
Ponho-me a cantar
o povo dos
raios
a cavalgar
nuvens de chuva
Pelado no
céu!
Gatos
Pretos no Quintal da Madrugada
Mais de
meia noite e meia
Lua cheia
deixando
tudo na noite preta
com aura
azul
E eu não
consigo dormir e saio na janela
E sete
gatinhos pretos pulam e saltam na grama
Sua mãe
gata velha
observa de
longe
E este
virou um canto magico e selvagem
dentro de
mim...
A Força do
Poeta!
Minha canção
mesmo que triste ainda existe!
Persiste
Sobrevive
Insiste!
Perco tudo
mas não
perco minha canção!
__________
18/07/2000
Minha Própria Lenda!
Fui um pequeno garoto perdido
e pobre
Reprimido
A despertar sonhos imensos
Como dizer?...
Que este poeta adolescente
Subiu ao céu
em um carro de fogo
Puxado por alados leões cantores
e negros e brancos rugiam
com olhos-faróis
vermelhos
de paixão de querer viver!
Um herói mancebo
Saído das prisões de Posídom
Vindo do Hades húmido
E das loucuras de Vênus-menina
Cansado das amarguras da Velha Lua
e se libertou!
Chegando ainda infante
ao Sol!
Tradução:
Quase Triste
(E o dia em
que eu sarei da Depressão)
"Minha
cabeça acorda
cinco
minutos antes de mim
e diz:
Tava te
esperando! (Passarinho que dorme com morcego acorda de cabeça para baixo! )
Ela me diz
mais:
Estive
acordada a noite inteira..."
. Do filme
Georgia
O Verso:
Vou dizer
algo idiota
e ficar
feliz!...
Sabe,
aqueles dias em que o desgosto
e a
solidão,
da tristeza
e da súplica se misturam?!
E misturam mais:
Melancolia
Descrença
Inutilidade!
Ah! A
Lembrança de todos os sonhos!
Não
realizados...
Machuca
Quem nunca
viveu estas horas intermináveis dos dias sem sentido?
Quando nos
perdemos de nossa busca
e de nós
mesmos!?...
Eu não
queria deixar esta mensagem de depressão e perda
mas não é
também assim...
É pra
mostrar que eu sobrevivi!
O cigarro
na varanda
é meu único
companheiro
e mesmo
assim eu vou parar de fumar!
Não sei
qual o significado
Disto tudo
que sinto
'Quase
triste'
Quase
morto! Eu diria...
É uma dor
suave e latente
que
continua por horas a fio...
Feito uma
torneira que pinga
e você
fecha
e ela
continua pingando!
(Pelo amor
de Deus eu não quero pingar!)
E de volta
ao tal filme Georgia,
a música me
traduzia...!:
"Ó
tempos difíceis não voltem mais!
(...)
Sem você o
meu mundo
não teria
graça nenhuma!
(...)
O que me
deixa louco
é pensar
que posso te perder!"
Diagrama da Serpente
Uma descrição poética ao amigo Valdeci.
Vamos viver
de sonhos
Viver de
brisa
Vamos?!
“Insufocante” e louca...
Viver de
Ribalta!
Comer
poesia e arte...
Trabalhar
em quê?
Estar acima
das guerras da vida!
Vamos?!
Despertar a
fúria no peito
Vem?
A fera
selvagem
Vertigem!
O
Caminhante do Céu...
-Me chamo Paixão!
Vem viver
na ira da flor!
Há quem
diga ao mundo a sua dor...
Eu não!
Eu traduzo
sonhos
Eu transo
ideias
Eu canto
você meu Amor!...
Eu sou as
garras da fera
Ardente
Quimera
Feita de
mel e metal!
O vento
sopra meus cabelos
A minha
canção é incerta
Luzes e
neons de boates sonhadas
pra uma
vida brilhar!
Há doçuras imensas
no meu beijo...
E venenos
na minha língua!
...
E eu a te
traduzir:
A liberdade
é destino...
Caminho!
Que
escolheras tu mesmo
ainda
menino
Se puderes
medir
a vastidão
da Paixão...
A
profundidade do rio
que és...
Que te
reflete no tempo
Seria tão suave
e santa...
A tua
comoção
até o
paraíso da Serpente!
Notas:
A-
Sonhos selvagens
B-
Amo a correnteza das águas
mas não sou levado por ela!
C-
É preciso ser poeta
para te sentir de verdade
Para te compreender
na integridade!...
A Hora Derradeira
Agora é a
hora derradeira
Em que o
tempo acaba
e o ciclo
se fecha!
E temos de
escolher
que caminho
percorrer
O Novo
Tempo a ser vivido...
*
Acabou o
mundo
A farsa
como a conhecemos
Sufocou o grito
do herói
E maldisse
as virgens do deserto
Mas qual a
escolha?
Sol ou
buraco espacial sugador?
Casa ou
imensidão?
Mitologia
Simbólica sem saber fazer...
A minha
verdade sobre a cera de Ícaro:
É que mais
vale cair das nuvens
que do
quinto andar do Renato Russo!...
Outra citação a ele:
"Vamos lá
tudo bem
eu só quero me divertir
esquecer
dessa noite
ter um lugar legal
pra ir..."
Legião Urbana.
Docê´ncanto!
Feito
Leãozinho de Caetano
Fica ao
sol!
Pra eu ver
Minha
cabeça...
Endoideça!
E nada mais
preciso fazer
da vida...
O dia
A tarde
O vento
O jornal e
a banca de revista
Correm
soltos largados...
Correm ao
vento notícias
e eu nada
precisarei mais fazer
Que
esforço?
Que
recompensa
Que
trabalho medito?
Deixa...
q´eu mesmo
desço o calção
já pouco
aberto...
Desnudando
a tatuagem e o dragão...
Você na
Chuva
Que esta
chuva que te molha...
Cada pingo!
Seja um bejo
meu!
Que te beja!!
Que te proteja!!!
E sete
flechas rubras de desejo
atinja
o teu peito
molhado por mim...
Meu erro
fatal?:
É que nesta
chuva
eu uso
guarda-chuva!
Impossibilitado
de amar...
Bra (n) do
Poema meu e do Renascido...
Faça só o que
achar que deves!
Grites...
Uives!
Desespere-se
Mas não
deixe de bradar teu peito
Cante
mesmo!
E não deixe
de chorar teu pranto...!
Toques
o fundo do
mundo
Todos os tambores
são teus menino-mundo!
Acredite!
Toque fundo
as almas cansadas...
E com o
semblante cálido da inocência
Deixes
seguir o teu trajeto
Objeto em
chamas no céu!
A clarear a
noite escura
Da
humanidade
Abobada dos
ventos
o teu verso
o teu
desejo
é a
Liberdade!
O teu
Destino!
Brando...
Poeta e
menino!
E sonho um
dia que vais ainda cantar
No meu
ouvido indecente
Aquela música
só da gente:
“Eu sou a
areia da ampulheta
O lado mais
leve da balança...”
Tipo
Raul...
Nú!
No telhado
de minha casa
Abrindo o
portal da Nova Era
Só pro
nosso amor ser permitido!
*Vinte anos depois você cantou!
Adendo a 2020
*
Quando a poesia chegou em mim
Era um batismo
Que recebi!
Um vento bravo
do Espirito!
Eu me tornei outro - Secreto
Um eu diferente vivia dentro
de meu peito a partir daquele momento
E ninguém sabia...
Meus poemas ficaram escondidos
por décadas dentro de gavetas
Até que um dia
A represa rebentou
A barragem já não podia mais conter
A poesia na carne desabrochou
E eu mesmo com medo
Deixei o rio acontecer!
**
Quando se move dentro de mim o ritmo
Da música
Treme nervos e sangue o tambor
É Poesia na Carne que sinto!
Quando o fluxo do calor sobe ao rosto
E queimam orelhas e cega a mente
É Poesia na Carne que sei!
E se tocas de leve meu peito
É Poesia na Carne que eclode
E quando eu vejo que canta em mim
A força da canção que ainda não nasceu
De minha boca nem
Foi escrita pela mão
E reverbera por dentro do meu ser
- Minha alma estando nesta capsula que é o corpo e acende esta
massa -
É Poesia na Carne que sou!
***
Música na
carne
Sobre este livro...
Ele é um prelúdio de Versos de Fogo e da chegada
de William Garibaldi em minha vida, sem que eu ainda soubesse. Chegava aqui o
meu heterônimo, o meu eu mais profundo brota e surge de dentro de mim, do meu
passado ou da mistura de tudo que fui e serei... O meu eu verdadeiro chegou.
Este livro
em suas mãos também poderia ser chamado de Crua Poesia, O Último Inconfidente,
ou algo como Rua
brilhando ao sol depois da chuva ou Coração
Selvagem II
William Marques de Oliveira,
Mineiro de Caxambu e Baependi e
carioca-paulistano de coração. Ah e também Italiano, Argentino e Gauche! Seu
primeiro livro publicado independente foi Coração Selvagem. Em Seguida o
Canário Amarelo e o Beijo de Estrela e agora este em suas mãos. Assim segue a
publicação da primeira fase de sua poesia escrita nos anos de 1999 a 2001.
Quando se descobriu poeta. Ou quando ouviu pela primeira vez a música na carne.
Contato:
billbaeskype@outlook.com
Poeta William Garibaldi Oliveira, Poeta William Marques de Oliveira,Livro dos Poemas Fatais, Poesia, Ebook de Poesia, Versos de Fogo. Poemas adolescentes.