quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Usada pelo Narcisista?

 

Malévola sentiu a rejeição arder como uma ferida antiga, depois de ter sido usada e descartada por um narcisista psicopata. 

Seu coração, tomado pela mágoa, quase a fez reagir com sombra e vingança. Mas havia outro caminho: em vez de se deixar envenenar, ela poderia ter buscado a luz, escolhendo a cura. 

Nesse outro destino, Malévola caminharia até a casa da bruxa boa do Norte, pedindo ajuda para compreender sua dor. 

Ali, em um espaço de acolhimento e escuta, ela encontraria não apenas terapia, mas também a chance de transformar a rejeição em sabedoria e compaixão. 

No fim, tudo é nossa escolha: se criamos mais dor, se nos vitimizamos ou se seguimos em frente pelo caminho da harmonia.



Primeiro ela teria que aceitar seus chifres...

Depois ela tinha que escolher o que fazer com eles...

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Poesia na Carne - Livro Completo

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POESIA NA CARNE!

 



 

POESIA NA CARNE

 

 

*

 

Cantos do Último Inconfidente

 

 

 

William Marques de Oliveira

 

 

 

 

 

 

 

Poemas de 1999 a 2001

 

 

 

 

 

 

 

 

 

”É preciso ter pressa para ver o que está desaparecendo.”


 

ÍNDICE

 

 10 - DIABOS VERMELHOS

 13 - AS MARIONETES DE FOGO

 22 - Casa de Poeta

 29 - PROPAGANDA OFENSIVA

 32 - POESIA NA CARNE!

 34 - Corrompido Querubim

 38 - Quadras Incertas

      ao Pássaro  Convulso

 42 - Sagrada Poesia da Vida ou 

      Canto do Profeta Escondido

 46 - Corpo Feito de Céu

 49 - O Homem que guardava segredos...

 52 - Cantilena Infantil ao Soldado Romano de Baependi

 55 - Das Dores de Parto...

 60 - Do Comentário das Crianças

 65 - Conselho da Bruxa Virtual

 70 - Fome Literária ou

      O Vício Triste de Quintana

 71 - Despedida para mim...

 74 - Você de Gato e sem SAPATO!

 76 - Amor em Botão Desabou

 77 - Bicha Loca Sobrevive!

 80 - Desfile da Majestade

 82 - A arma de um poeta é sua caneta!

 83 - Retorno

 84 - Cantigota Jocosa

      de um Querubim Flechadô!...

 88 - Poeta Natural,   

      Mineral e Gasoso...

 90 - Rima BARATA

 91 - Rubi Vermelho

 94 - Paixonite Aguda

 95 - A Cura tão Esperada

 98 - Fossa...

 99 - O Tamanho do meu amor

 100 - O Último Inconfidente

 103 – Papilow

 105 – Versinho bom de Resenha

      da Tarde

108 - Aguadeiro

111 - Ode a Bêbada

117 - O Menino Aborígene Sulamericano

120 - Gatos Pretos no Quintal

      da Madrugada

121 - A Força do Poeta!

122 - Minha Própria Lenda!

124 -  Tradução: Quase Triste

128 - Diagrama da Serpente

132 - A Hora Derradeira

134 - Mitologia Simbólica sem saber fazer...

135 - Docê´ncanto!

137 - Você na Chuva

138 - Bra (n) do

141 - Quando a poesia chegou em mim

144 - Sobre este livro...

145 - William Marques de Oliveira


 

“E o verbo Divino se fez carne

e habitou entre nós!”

João 1,14


 

 

 

 

 

 

  


 

DIABOS VERMELHOS

 

'Pensando nos diabos

Me aparecem os rabos!...'

 

E eles vêm- rechonchudos

E rosados

Pilotando motos vermelhas

De não sei quantas cilindradas

Em meu peito adentram sonoros

Corados

querubínicos e loucos

de amor

e desejo por serem amados!

Montados...

Feito cavalos bravos

Ainda em suas motos

vermelhas demais

Prontos para qualquer destino!

Eles não usam capacetes

Para não estragarem o penteado

E eu que tenho sonhos puros

Mas carregados de imprevistos...

Escuto-os...

Com suas vozinhas roucas...

De desejo a gritarem por mim

No portão de casa!

Eu não me contenho

Seduzido e sedutor

Pouco depois

Sou o vento zunindo

em um capacete apertado

Minha paixão se renova

Quando deles me recordo

Evocando-me

Seguros de si

Todo sedosos

A clamarem por mim

no portão

Diabos Vermelhos

Ardentes de paixão!...


_________

20/01/2001


 

AS MARIONETES DE FOGO

 

- Destino, quanto tempo? - Saúda

o Bobo da Corte Cósmica...

O vívido palhaço reverenciando

o Velho Destino. - E o Presente

e o Fururo?

Como eles têm passado!? – E ele

ri de si e do trocadilho possível!

E o Arlequim segue enquanto ele ri.

- O que me conta deles?

O que me tens roubado?

Meus versos,

minha vida,

meu FOGO SAGRADO...

De lumiar meus sonhos? – Continua

já nada respeitoso

o palhaço picardíaco!  

E sufoca seu interlocutor

em interrogações existenciais

e estratosféricas!

Não para:

- O fio de ouro das Fiandeiras?

Acaso mentirás para mim agora?

Que descobri tua

(arte)manha

e tudo de ti? – E o Velho Destino

já assustado com aquele pentecostes colorido a banhar-lhe

os ouvidos

começou a afastar-se bem lentamente.

Com as costas arqueadas e doloridas.

- Vai embora! Agora que não quero mais

ser fantoche?!...-

Seguiu destemido o palhaço em sua

fala difamadora: - E me livrei

da teia

da bruxa má!!!... - Silêncio

- Acaso mentirás para mim agora?!!!

O velho se afastava e começava

a sumir na bruma, diante

dos olhos inquisidores

e insanos do palhaço.

Logo não havia ninguém

para responder...

Apenas o bobo de pé

no salão vazio.

Até o baile já havia acabado.

Então ele deixou cair

a garrafa de anis de sua mão,

espalhando a bebida

em caquinhos de vidro verde

a molhar confetes

e serpentinas no chão.

 

...................................

 

Somos amarrados à vida

ou a cruz

Fomos presos

E a Serpente do Éden

É feito um vendedor experiente

que nos enrola cada vez mais!...

A Serpente nos oferece o prato fino,

Este é o arquétipo do golpe

do Destino,

o desvendar deste mito!

E quando aceitamos

seu produto bom,

pagamos um valor

absurdo do carma negativo!

E o desespero oculto e selvagem

A Ironia:

Querer viver,

ser jovem,

ser belo,

ser rico,

...saudável e feliz...

É antes de querer

Só ter coisas boas e brinquedos

Bonitos e caros

É uma necessidade ancestral!

Antes de apenas fugir da dor

uma Verdade Latente em nós!

Nos enlouquece

até esquecermos

da bondade

caridade

e do diabo a quatro!

 

..................................

 

Óh Mago Cruel Destino!...

O dizes?...

Descobri que posso trilhar

o meu caminho

Criar meu tempo

É que sou filho das Avós Aranhas

que teceram o Universo

Mas também descobri que

tu és o meu parceiro...

Quem diria?!...

Nem és cruel se sou eu

que me escravizo!

Descobri que tudo que devo

'pagar' eu queria!

Eu comprei na lojinha da esquina

da vida vendedora-loira e peituda!

Mas a dor

a tristeza e o desatino humano

parecem um vício sem final

Fios nos laçam e nos prendem

e nos cortam a carne

E desesperam

Pois não temos pra onde ir

E nem certeza alguma se há

fuga

desta vida louca

e humana!

 

...............................

 

Ó Mago Mortal

Crudelíssimo Destino!

Ata-nos a alma ao corpo

Somos marionetes de fogo

A deixar um rastro de luz

na eternidade...

Marionetes de luz

no Palco da vida!

Divertindo deuses gorduchos

Comilões e fanfarrões que

Possuem seu Big Brother

Para assistir quando se fartam

Dos prazeres da noite eterna!

 

 


 

Casa de Poeta

 

O verso é singelo,

A parede é viva!

As portas e as janelas...

são bocas que falam e cantam

são bocas de cantoras

'de Jazz Band'

gordonas e negras...

O relógio despertador

é um pássaro

que vem bater com o bico na janela

convidando a sair pra fora da casca

e cantar com ele

e seus companheiros passarinhos!

O alvorecer de um novo dia

Casa aconchegante

livros na estante

Onde é fácil receber uma iniciação

em artes mágicas e ocultas...

Ou apenas um abraço!

Onde aprende-se um pouco do viver

se não tiver orgulho,

do cantar e do sofrer

E compreende-se

que esta é a maior magia

A poesia que liberta também ensina!

O conto de fadas unido ao dia

Há momentos de silêncio

e de música,

de estratégia e de saída pra guerra

...ou pela culatra!

Com bandeiras vermelhas e amarelas!

Há refúgio e paz do Útero da Mãe...

As fontes do jardim são agraciadas

e jorram rios para a eternidade...

Local onde os pássaros voam

mais vezes

e as flores quando florescem

tem mais cores, mais perfumes...

para ofertar!

Na casa de poeta

a comida é temperada com poesia

A poesia é o ganha-pão

de quem mora ali!

E o telhado é feito

de brigadeiro de panela...

As paredes são feitas de wafer

Uma filial

da “Fábrica de Chocolates”

Em dia de festa!

Lugar onde o verso baila no ar

e onde os Mestres do Arco-Íris

podem irradiar seus raios sinceros.

Onde o canteiro de um romance real

é regado com doçura...

E floresce para todos

E brotam

até mesmo flores astrais!

Se o poeta tem uma companheira...

ou um companheiro,

nestes tempos modernos,

vai que seja!

Ele sabe reger a calma,

a paz e o tambor

do relacionar-se-desafiador!

Casa de Poeta

Onde todo grito se transforma

em verso de amor!...

A solidão necessária,

não deve ser um vício.

Um cachorro brincalhão sempre contente!

(Um bicho mostra

que os et's estão presentes!)

Na casa do poeta,

mora a Sabedoria,

o Milagre e a Vida!

Moram coisas bonitas

da Dimensão do Sonho e do Imaginário...

Quimeras Coloridas

Esfinges

Serpentes-aladas...

...É abrigo de Mitos e Heróis...

e também dos Anjos

e dos Seres Bondosos do Além

Estes feiticeiros da palavra

vivem bem...

Em uma atmosfera de místico encanto

A dor da vida é alquimizada

todo dia em um fantástico laboratório

Que é seu caderno de anotações!

...

Sempre que puder visite um poeta

É um privilégio visitá-los!

Vá até sua casa

E então apenas perceba...

Apenas perceba toda poesia...

No ar

E a dor da vida mesclada ao sobreviver

Em saudade e furor

Em verdade e fé!

E se em sua casa ele lhe

oferecer água, então beba!

Da fonte... Da água da vida!

Na casa do poeta a confirmação

do verso e do Ser-Poeta...

É sabido que de seu próprio corpo

nasce canção!

O corpo é fonte de música

e instrumento

O peito-canção

a ser dedilhado por Deus

A confirmação do verso

vem na tarde de domingo

a sua transformação no dia a dia

O poder transformador da poesia

está na casa de um poeta!

 

 

 

*Para minha tia Meyda, que estava cozinhando o almoço,

enquanto eu escrevia

este poema na varanda.

Para a Professora Iná Brasílio

e seu Sítio Solar.

Para as andorinhas da manhã

que dançavam diante de mim.


 

PROPAGANDA OFENSIVA

 

Já beijou um poeta?... Não?!

Sentir toda poesia

te envolvendo a língua...

Vertigem

Que te levará ao céu da boca!

Saberás da fonte

onde brotam

seus versos

Cuidado para não queimar no fogo

na luz

Não se afogar no beijo

Na água elétrica-viva

em sua boca

ou se machucar nos meteoros que saltam

de seus olhos farpas de estrelas

Sua boca cantora

inundará

de música a sua boca também

Seu ser

será invadido

por um novo acorde Divino!

E teu arrebato será um Batismo!

Até seu corpo brilhar e ser tomado

em elevação ao Paraíso

ou consumido de sol por dentro!

Já beijou um poeta?

Não?

Então beije!...

Mas quando dois poetas se beijam

nascem novos mundos...

Novos Universos

Novos Deuses da Luz...

Uma nova língua dos anjos...

Impossíveis versos!

 

 


 

POESIA NA CARNE!

 

Poesia na carne é quase um vírus

Poesia na carne é quase um vício!

Poesia na carne é tática

para ascensionar o corpo

Em brasa ao céu

Feito Babel!

Poesia na carne é um rito!

Poesia na carne é “navalha na carne” com Vera Fischer vermelha!

Poesia na carne é um grito!

É a descida do Espírito Santo do Fogo no barro!

É Pentecostes...

Arrebato!

Acalanto...

Poesia na carne é fogo no DNA

Que desperta o impossível na célula

A descendência das estrelas

Poesia na carne

É a percepção de Deus em mim

E no dia a dia pequenino da Terra!

 

_________

1999-2000


 

Corrompido Querubim

 

Citação Bandida...:

“Quero inventar o meu próprio pecado

Quero morrer do meu próprio veneno!”

.Chico Buarque

 

Provei nuvens e o gosto dos ventos...

“Eu não sou daqui, não sou

Eu sou de lá...”

Eu sou de muito longe!

Eu vim de terras antigas...

Um Corrompido-querubim

de asas partidas!

Um Anjo

Barroco de Minas!

Que caiu do céu

Um cordeiro na pele de um lobo

Aqui a beleza dos homens me fere

(Deus disforme!)

Eles têm tanto e eu não tenho nada!...

Pássaro convulso...

Adolescente barroco abarrotado de espinhas

Era uma rosa vermelha

Em chamas!

(Medo?)

Eu beijei a boca

das Gréias desdentadas!

Eu cumpri os doze trabalhos de Herácles

E corri com o leopardo de ouro

E chegando em primeiro

fiquei uma vida inteira sozinho

Enfim, só eu me tenho

só eu me basto

Devaneio

Eu sou além da conta...
Sou tanto que me canso

Que me confundo

e me perco dentro de mim!

Feito o Profeta do Fogo:

Gentileza X !

Que o Novo Milênio amanheceu

Da sua boca

E de seus olhos...

escrito por suas mãos

Corrompido-Querubim

nas asas da imaginação partida!

Sonhou um mundo mais bonito

Um Novo Mito

Que nele primeiro desabrochou ...

Sozinho!

 

______

2001

 

 

 

 

Quadras Incertas ao Pássaro Convulso

 

Se tu te sentas à noite

na varanda escura...

E me vez passar a luz da rua

Debaixo da solitária lua

E teu sonhar é com tuas

todas deusas nuas!

Saiba que sonho é com tua gostosura

E que por ti, ando perdido...

Danado de coração partido

E todos os meus versos brotam

ultimamente apenas

entre as tuas coxas grossas...

É isto apenas de mim!

o meu viver: 

Sonhar com teu beijo

Deitar no teu peito imenso

E sonho ainda mais quimeras!...

Bandidas e deslavadas cenas:

Teu rosto róseo e forte

O pescoço robusto e teso

Tuas mãos fortes

irresolutas

me segurando

E eu

tal qual pássaro convulso...

me debatendo

querendo escapar

em asas nervosas

e topete empinado!

Colidindo-me

tremendamente 

De volta a tua cintura...

Tremendo de prazer e duvida...

Contra as tuas pernas duras-duas pedras

Duas rochas de granito obeliscas!

Tentando me conformar com esta vida

intensamente ardente!...

 

Refrão:

Teu nome labirinto achava perdido!

Serpente esquecida de voar...!

Até que eu cheguei e tivestes medo

Do voo que eu podia te ensinar!

 

Nota: Ele ressurge no poema Cantilena Infantil ao Soldado Romano de Baependi, mais adiante.

_______

21/04/01

 

 


Sagrada Poesia da Vida

ou

Canto do Profeta Escondido

 

Me conhecerão por sonhos

Por noites e manhãs vividas

em versos

e palavras sem medo ditas

aos quatro cantos do mundo

Nas ruas e países diversos

Saberão que parte de mim é vento

E que a lua tocou meu corpo mitológica

quando nasceu

em um céu noturno da minha infância

Me conhecerão pela canção do novo amanhecer

Saberão...

que a vida trouxe a mim o seu canto triste e feliz

...irreal...

E que qualidades distintas me deram

quando nasci os anjos esquecidos

E que os Reis que me visitaram eram magros!

Saberão de mim as gerações futuras

que eu fui a dor e a delícia de todas as coisas

Colhidas com fome!

Vividas com pressa!

A palavra acesa que tem dois gumes

Fere

“Indíscrima” e sólida!

Me conhecerão por noites e manhãs...

Madrugadas

Baladas

Saberão que um dia viveu um homem

e ainda vive!...

Que a poesia resolveu inundar

a sua vida inteira...

Embeber suas roupas e o sol da manhã

A camisa e a caneta no bolso dela!

Sua pele e seus objetos particulares

Feito um perfume

Tanto que as pessoas que o rodeavam...

nem todas aguentaram esta força

e se foram!

Um que como poucos foi 

“O Eleito”

A cantar o que dizem os anjos que choram

Por amor as virgindades que protegem!

Para dizer as palavras ditas nos Delírios de Deus!

_________

14/04/2001


Corpo Feito de Céu

 

. Da música Sky da Sonique

Para Roberta Rocha

 

Olhe-me...

Sou da cor deste céu azul

Azul Imenso

Profundo...

O céu dessa gente não me cabe!

Me veja

Livre

Diáfana...

Absoluta!

Sei viver como ninguém sabe

Sei amar como ninguém sonha...

Sou um disparate...

Não tenho nada

E por isto tenho tudo

...E quando te vejo

Tocas todos os sentidos!

Então dança comigo!

Me leva

ao sétimo céu de Vishnu!

Me beija

e seremos eternos

Alcança

a minha alma

feita de azul de céu...

Tenta

Olhe para mim

Será que?...

Você consegue me ver?

________

2001


O Homem que guardava segredos...

 

Tive vontade de trazer

aquele homem velho e moreno

pra casa

Desnudar-lhe

o peito,

seria como abrir um livro/

O Universo inteiro!

Tive vontade de trazê-lo comigo

Ler em teu corpo

os códigos da vida

Ler teu peito

feito fosse um livro

Ler em teus olhos negros

as verdades do caminho

que leva de volta ao Paraíso!

Homem-canção

E eu solidão!

Homem livro...

Olhamo-nos apenas...

Ele tão moreno avermelhado

(Cor de beterraba avermelhada)

E eu tão branco rosado

(Cor das estátuas de anjinhos da matriz – nos encontramos em frente a matriz!)

Somos um complemento...

Somos duas almas frágeis guardadas em corpos tão fortes e guerreiros

Tive vontade de trazê-lo comigo

e niná-lo no peito...

e saber dele por onde anda

a canção desconhecida

A razão da minha vida!

O perfume das flores...

E se por acaso ele escutou o grito

do último poeta vivo-cantor!

***

Mas ambos não tivemos coragem

De desafiar o mundo juntos!

Cantilena Infantil

ao Soldado Romano de Baependi

 

Um soldado romano

Roubou meu coração

Em pleno Quadro Vivo

Encenação da Paixão de Cristo

na semana santa de Baependi

Era final de minha adolescência!

E com ele o rei

a roupa

e o rato de Roma!

Poderoso, grande, largo e forte

Vestindo armadura de couro bruto

Pele da rosa mais pura...

Machucou-me o peito à lança e vinagre!

Pensando ser eu o próprio Cristo

Pregado em sua paixão,

e riu de mim debochado

Só por estar apaixonado!

Mas esta lâmina era pura de desejo

Nem ele assumiria...

O soldado romano de Baependi

marchava na Semana Santa

só para mim...

em pleno Quadro Vivo

de minhas tragédias de amor infante!

Ele foi o meu Herói da adolescência!

Hoje lê meus poemas

e nem sabe que só eu tenho

a lembrança daquelas coxas 

descomunalmente grossas e evangélicas!

Nem sonha que para ele eu andava

Fazendo tanta cantiga!

A luz da lua diante sua varanda...

Eu passava oferecida!

 

_______

2001

*O Quadro Vivo é a encenação da Paixão de Cristo, e recebe esse nome em algumas cidades de Minas Gerais.


Das Dores de Parto...

 

Quando criança

alguma coisa me incomodava

Como pedra no sapato

ou formiga na cueca!...

E eu não sabia o que era!

E foi passando o tempo...

E algo sempre me forçava

a olhar para as estrelas

A escutar os grilos

Acordar a noite e olhar pela janela

E a estar sempre só!

Sentir a dor de viver e escutar - escutar o quê?!

Deixar pessoas longe

É mergulhar num silêncio

Que diz tantas coisas!

E esta solidão me levou a estar

com as montanhas e ouvir suas histórias...
Sentir o que elas sentiam!

E pude ler os rios

Libertar os pássaros das gaiolas!

Algo me pedia para

olhar o sol bem fundo

até queimar os olhos!

Algo me induzia a querer olhar

sem proteção para o eclipse

Uma vontade doida me punha

a rodopiar até cair de entontecer

No chão do quarto

Abrir os olhos e ver o mundo girando

e eu ali

Em paz no chão!

Hoje sei...

Era a Poesia, querendo nascer

Brotar de mim feito um rio

Uma Pirapora

Uma fonte de água viva no peito!

 

Adendo:

“A poesia me ensinou

que apontar as estrelas

e contar urubus

não dá verruga!

Que chupar manga

e tomar leite

não mata!

E que tomar banho de chuva

ou dançar na enxurrada da rua não resfria!

Mas que olhar o eclipse

sem proteção

pode ser fatal!...”

 

(É que temos tão pouca luz em nós...!)

 

Mas um dia

seremos o próprio sol!

 

______

2001

Tudo isto a poesia me ensinou

Em um verão!

 

 

 

 

 

 

 


 

Do Comentário das Crianças

 

Quando passa o poeta na rua

As crianças gritam e dançam

Desvairam!

E loucas não param

o futebol entre pedregulhos

feitos de gol

E correm em torno dele

A chutar-lhe as canelas

E sempre a bola acerta-lhe a nuca!

E vão com ele e o lance tem que ser ao seu lado, e perdurar até a esquina!

Acertando sua cabeça e as costas

Duas ou três vezes...

Em grande algazarra!

Depois qe ele é bastante acertado

uma para as outras cochicham matreiras

entre gritinhos e risinhos feito duendes

Intercalados a breves silêncios

Param então a bola de girar

Habilidosos na ponta dos pés e dizem boateiras:

-        Ele é poeta!...

-        Ele pega a palavra e faz assim:

 

                              p                   

                             a                                                                                              

                                l

       a

        v                                          

         r

    palavra                    

     p

      a                            v

    l                                r

  a                                   a  

 

 

                               

p

a

l

a

v

r

a                          

                   

                               p                   

          a                    a                                                                                              

        r                        l

       v                          a                                  

     a                            v

    l                                r

  a                                   a                                  

 p                                                                         

 

 

“...Laiá Laiá procurando você

Quem te viu? Quem te vê?”


 

Conselho da Bruxa Virtual

 

QUIETO GAROTO

A vida tem cismas e segredos

que não se pode revelar!

Se não eles te pegam...

Se não eles te matam!

Os Crustáceos Cristãos...

Os Tristes Tritões!

Os Aneurismas Cerebrais

As Donas Neuras do Partido Perdido no “Suvaco” de Cristo!

Não veja nada

finja...

Ser cego

Finja ser burro

Finja!

Ser mudo!

E jamais poeta!

NÃO CANTE!

Se não eles te pegam...

Se não eles te apagam!

Com armados tridentes até os dentes

As fadas azuis de Mnemosine

Te perseguem com lanças e véus te atam

Os Dragões Negros da China

As Borboletas de fogo do Japão

As Bruxas Malignas de Oklahoma

Os Sete Curetes de Zeus!

O que tu queres?

...Louco!

Pixiuuuuuuuu!

Cala-te

Não-can-ta!

enquanto é tempo e mata esta tua música

em teu peito ainda

Estrangula ela na garganta

E não deixe que saia

Que ninguém a ouça!

Antes que vaze pelos cantos da boca!

As Fiandeiras te laçarão

com o fino fio d'ouro

Cuidado!

Que neste mundo ser poeta é crime!

E manifestar beleza é ser vagabundo!

...............................

 

O tempo passou

e em uma manhã de domingo

me veio o simpático Curupira

e disse faceiro:

-        Fique calmo amiguinho cantante!

Cante à vontade! Pode alegrar teu semblante. Não temas todo este folclore!  A Bruxa Virtual não bole com quem ama viver...

 

E acreditei no Curupira de pés enormes e sensuais virados para trás!

E cantei!

E a minha Liberdade de Renascer!

RESNASCEU

 

Verso Base:

E eu acreditei no Curupira

Que me disse:

Canta

Porque nada te matará!

________

10/05/01

 


Fome Literária

ou

O Vício Triste de Quintana

 

Não me contenho...

A esperar qualquer mínimo sinal teu

Ponho-me a escrever

besteirinhas de fogo

Em meus cadernos de inverno!

Algumas folhas estão coladas...

Outras respingadas de estrelas

ainda estão molhadas...

 

 

 

Despedida para mim...

 

O que é despedida?

Despedida pra mim

“Não é choro nem vela!”

Não é dor nem grito...

É silêncio!

É matar um poema no peito...

um verso que abortou antes da hora!

É impedir um fluxo...

Do amor?!

Ora, não me venham com estas

filosofias do amor!

Q'eu sou um homem que nasceu

com a insígnia da dor

A marca da saudade me queima e arde!

Que é feito a companhia

de um velho fantasma marinheiro!...

À luz de todas as noites de luar

da eternidade...

Um verso negro!

Uma bandeira de pirata...

Um fino rum na garrafa

Um baú de tesouro vazio...

Um amor perdido!

E o peito partido

Sem honra e molhado de chuva...

 

Cantiga:

Eeêh! Cancioneiro que saudade...

     tua canção,

     tua alma vibrante

     tua verdade!...


 

Você de Gato e sem SAPATO!

 

Vou te seduzir aqui!

Agora

Desdenhar o teu não

Vou queimar tua boca com a minha

Vou jogar você no chão

feito uma boneca

de pano e feia!

Desnudar sua vaidade e

Te vestir de prazer e fino refrão

Te banhar com leite

de cabra

e luzes

O teu corpo acender

em libação...

Em vestes de prazer

Vou te vestir

e serás homem-mulher

Andrógino ser...

Deus vestido de carne humana

Eu vejo o sagrado

onde todos veem o profano

 

 

 

 

 


 

Amor em Botão Desabou

 

Te dei uma rosa que jamais cresceria!...

“Matei-a

por ti!”

Em sacrifício vermelho

ao nosso amor!

E você não entendeu...

Você nunca

entendia nada!...

 

 

 

 

 

Bicha Loca Sobrevive!

 

Saia daqui! Vagabunda!

Os teus olhos superiores de quê?!

Me irritam...

Incomodam

Me enojam

Enlouquecem!

Saia! Me cansei!

Você era uma flor em meu jardim

tão pura e bela jasmim

Mas você enlouqueceu

E pisou em tudo!

Você matou com o seu olhar de Medusa

Cada broto que surgia de nossa primavera

E me transformou em pedra também...

Com a sua boca de Górgona horrorosa

me cantou mágoas...

reclamou de tudo e de todos

enojada de um dia de sol

murmurou contra a vida!

Não fez caso da alegria e da boa lida

Negou três vezes o meu eu em ti

E eu desprevenido

Petrifiquei

E foi por um milagre

Que um Teseu-moreno

Te cortou a cabeça e me curou da pedra

que você fez de mim!

Só poderei rir de você agora...

Chorar não mais!

Vá para os braços dos teus ais!

Transcendi você!

Sai daqui!!!!!

Loca!


 

Desfile da Majestade

 

Em Primeiro encontro na rua, após separação:

 

Eu vinha descendo a rua

E te avistei bela feito a lua

Surgindo de trás do casario antigo

Fazendo brilhar o paralelepípedo

da ladeira...

Puxei o ar com força

Vesti todo o meu orgulho

deixei cair a máscara doce...

Um Rei deve manter a sua pose,

e se orgulhar com ponderação

de seu posto.

E se eu tivesse um pajem

Lhe diria naquele momento:

-        Vamos, dê-me cá o meu cajado ainda que quebrado, e o meu manto sujo

e gasto de ilusão, ilumine as minhas botas carmesim q'eu vou passar soberano por ela!


 

*

A arma de um poeta é sua caneta!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Retorno

 

Vou pra casa agora!

de novo preciso

ficar comigo

Costurar colchas de retalho...

Montar um livro

de poemas

de ficção científica década de 20!

Que meu quarto seja um abrigo!

Conversar com meus pesadelos e sonhos

e dizer a mim mesmo

que ainda estou aqui!...

Que sempre estarei comigo!

 

Cantigota Jocosa

de um Querubim Flechadô!...

 

Eu sô flechadô!...

Eu sô flechadô

sim sinhô!

E a menina inocente

que tome cuidado!

Se eu aparecê de repente

Lá nu seu telhado

Só vai sobrá ilusão...

Só vai sobrá paixão

Vai injuá di buneca

Iguar música do Lua

E o deseju rubro

A molha seu vistido

Im deliciosa chuva natural

Sem si preocupá com o vendavá!

 

             ***

Foi o meu peito que encantou!

Querubim flechadô

Me matou de paixão...

Esse anjo do mato

Imprevisto repente

na vida da gente

que devia ser mais consequente!...

 

             ***

...Mas então que um dia

apareceu...

Tão róseo

Tão cheio de amô!

Seu peito desnudo

Pedia uma flecha

Pedia uma paixão!!!

E eu que sô querubim flechadô...!

Não sô de fazê um negado

Mandei-lhe a flecha ali mesmo

no portão...

 

           ***

Mas dia também fui surpreendido!

É que me flechou a dor da vida

Foi por um querubim inocente

Que me deu de presente...

Sua flecha final...

E eu me apaixonei por viver...

arlequim flechado

poeta mau olhado

/mau amado

...na solidão!

Sete vezes coroado!


 

Poeta Natural, Mineral e Gasoso...

 

A poesia é a minha oração

natural e viva

A poesia é a minha religião

Que brota feito um córrego

do meu peito que é mina!

Uma fonte de água mineral

Ela é blasfêmia e louvor!

Deste poeta marginal

A poesia é a minha religião

meu operis naturalis 

a minha função

e a minha causa!

O meu risco...

A minha cachaça

tal qual Drummond...!

A poesia é o fruto que dou

da árvore que sou.

 

 

 

 

 

 

 

 


 

Rima BARATA

 

Mergulhei-me na sombra da noite

e as estrelas me disseram

que você não vem não...

Que o meu céu

era só um engano

e que a paixão vazou pelo cano!

-        “Dona Baratinha, não se casa nunca!”

 

 

 

 

 

 

Rubi Vermelho

    

     .Para aquela namorada loira

 

É sol que aquece e torna forte

este peito alado de sonho.

E quando você vem com seus mistérios...

Com suas canções e bilhetes

cheios de poemetos

de J. G. de Araújo Jorge

Mario Quintana sumarento

E Drumond...

Tenho medo!

Quase vejo o despertar

de um tempo bom...

Quando você vem Violeira do Sertão!...

E eu só posso me entregar...

Quando você vem com suas promessas

e mentiras doces

Entrego o meu coração!...

Pois sei que não me mentes,

mas é impossível o nosso amor!

Tu sabes

E eu te amo tanto...

Me enxugas o pranto

e me dá bolo de milho com erva doce no café de tarde...

Quem te disse que eu amo bolo de milho?

Advinhas tudo!

É a flor namoradeira

E eu em troca te dou uma canção

A cada tarde

Tentando resolver

O impossível amor

Sobreviver!

Dentro de mim... Ainda indeciso...


 

Paixonite Aguda

 

Este verso não era para ser romântico!

Nem para ter desejo...

Mas quando te vejo!...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Cura tão Esperada

 

Traz pra mim

toda esta imensidão do mar!...

E todas estas mãos que o dividem...

Em versos de Cecília Meireles!

Naufrague barquinhos de papel

na enxurrada, nas poças d'água

Deixadas pela chuva e pelo vento...

cheias de flores de ipê amarelo

Vem e seja AQUELA presença!

Aquele alívio...

Aquele rio de cristal ao sol

a matar a sede do mundo!

...Do meu mundo que secou!

Vem! Seja chuva!

Penetre dentro das rochas

do meu peito...

Mata minha sede!

Revive o meu desejo

e a minha fome de viver desperta!

Atiça a brasa viva em meu peito

Torna meu mundo vivo!

Seja aquela cura tão esperada

Aquele alívio...

Então a vida será doce afinal!

E minha oração recebida por Deus

E eu serei eterno agradecido

e me tornarei o homem-canção!

 


Fossa...

 

Cigarras cantam, bebem e choram,

Por anjos distantes do Paraíso

nesta noite ao luar...

Na roupa o cheiro do cigarro,

no peito a voz que diz...:

Só de amor é que eu preciso!

E o beijo vem de um nome

desconhecido!

 

 

 

 

 

 

O Tamanho do meu amor

 

Já não sei mais quem eu amo!

Se Tereza ou Raimundo

Só sei que este amor que eu tenho

É maior que o mundo!

 

 

 

 

 

 

 

 

O Último Inconfidente

 

O que adiante

vai já é vermelho...

É verso!

...que arde em meu peito

É sangue rubro

de intranquila chaga!

Já é alma de nossas almas

Um Estandarte de guerra!

Uma bandeira ao vento sul

A liberdade avança...

Soberana ainda que tremulante

(No meu verso)

Arde nosso brasão

Nossa Poesia

Nossa Pátria

Nossa Arte

Nossa Língua!

Não posso mais ficar quieto

Um Novo Mundo precisa surgir...

Um Novo Tempo!

 

 

Verso Base:

O que adiante vai

já é vermelho...

É verso!

É sangue

rubro

de intranquila chaga!

 

Variação:

O que adiante vai já é vermelho...

É sangue

é vaga

é asa!

A Primavera do Fogo!

 

 

 


 

Papilow

 

Tornei-me a tua flor

Uma borboleta colorida

A papilar pelo céu de tua vida!...

Olhe-me

Cante-me

Beije-me

E nascerão palavras vivas

Crua Poesia

Com nervos vivos!

E nascerão palavras de água e fogo!

Trovões!

Dos nossos beijos

Alimento

Da união de nossas bocas:

Borboletas!

 

 

 

 

 

 

 

 


 

Versinho Bom de Resenha da Tarde

 

As flores de maio

tocaram o meu coração

e novos dias de alegria

se fizeram antão...!

Minha mãe cantava Eliz...

E na casa

o sol da tarde iluminava por dentro

tingindo tudo de laranja

como nunca antes

A casa inteira, cada cômodo!

Os corações...

A casa se tingiu

e era feito uma moranga doce em caldas com canela vista por dentro!

Pela cor do sol poente

com sua luz em nuvens

de tempestade refletida

Luz que atirou um raio cor de opala reluzente nos meus olhos...

Enquanto a vó, as tias e a prima

preparavam tudo para o jantar

A janta ficava pronta

às cinco e meia da tarde!

Carne moída com ovo mexido e tomate, inhame, arroz e feijão.

Em minha boca o gosto da tarde

era do Egito!

Não sei o motivo...

Meu avô chegava em casa

com o resultado do bicho:

Gato na cabeça!

Leão

Cobra

Pavão!

Tudo bicho egípcio!

 

_________

14/03/2000

 

 

 


 

Aguadeiro

 

Minha vida

é uma fonte

Meu passado

uma barragem

Meu presente

um rio-tempo

Meu futuro?

O oceano!

E minhas águas fluem para ele

brilhantes...

Mar da Vida!

Tempo

que não para de correr

E um dia serei poeta

E deixo de te maldizer!

...............................

 

Nota vinte anos depois:

O rio-tempo é uma nova percepção...
Que surgiu nos tempos destes poemas feito em diários-de-menino.

Cantilenas para as quais eu não tinha linguagem suficiente

Para compreender e expressar a imensidão que eu sabia... Sentia.

Arriscava em mim!

O Tempo. É uma fonte de vida em mim...

Diferente do que os outros sentem sobre o relógio. A mim ele alimenta, sem eu saber.

Sou tão ignorante ainda que apenas sinto...

Apenas sei arriscar em verso o que no futuro eu descobriria ser O Pentecostes da Quântica...!

 


 

Ode a Bêbada

 

. Para "Beba da Chama"

de Paulinho da Viola

 

I – Apresentação da Queda

pela embriaguez divina

da mulher-bacante

 

Espírito; Carne e Desatino

Sacrifício; Vinho;

Cristo-Dionísio e Luar

Há mil luzes em teus olhos

e beijos de fogo

em tua boca-borboleta Destino!

 

No teu corpo há luz mulher

que apimenta

A queimar em labaredas

tuas orelhas vermelhas

enquanto eu

no resplendor do luar

sussurro prazeres em teus ouvidos

com meu hálito de enxofre!

Dois perdidos (?) 

Eu sim, sou diabo...

Rumando ao Paraíso!

A bêbada

cai na vida

Perdida!


 

 

II- A Bêbada Cai na Vida

 

Tudo isto em uníssono...

Como é que foi mesmo?

Assim:

Peixes; vasos bicolores,

luzes e cacos de vidro...

Corpos bronzeados,

prismas e ilusões...

Tambores...

Girando espelhos

Na cabeça da mulher-canção

Ela caiu bêbada

por uma intrépida dança!

Ela caiu tonta

por uns goles à mais...

Doída de uma intranquila chaga...

Vazia

de amores e medos!
Em que sono ela se deita?

Se não no triste sono do amor

A si mesma em abandono...!?

Abandono de quem não tem mais nada

e agora canta...

dança

louca

folia-mulher!

Ou silencia!

Rica feiticeira da dor

Mulher-poeta

sem amor

ferida

sobrecarga

caída

cansada / cansioneira!

(Cancioneira do Destino)

No Canto...

da mesa de um chão vagabundo!

 

III- A Sábia

 

A Bêbada é mais:

Ela é uma estrela louca e fulgura

de rota inserta

insefgura

difusa e “piruética”

A dispersa!

A cantar maravilhas...!

A bêbada é um samba enredo

engasgado em mim...

Que um dia vai desaguar em ti...

 

__________

21/07/2000


 

O Menino Aborígene Sulamericano

 

Quando na tardinha a chuva vem

Eu precinto

Todos os calores e abafamentos

e no peito bem por dentro

ao mesmo tempo

me corre um frio...

um vento!

E aborígene eu corro

eu danço vivo no terreiro de casa

Aos raios e trovões que já anunciam

Na vida a tempestade vai passar!

Aqueles raios escrevem no céu

Que os tambores todos são meus!!!...

 

Cena:

A chuva se arma no céu

nuvens rápidas aos galopes

feito cavalos de nuvens

vem os raios montados em nimbos

E eu menino

Sinto

o vento me invadir por dentro

E consigo ler as profecias do céu

E a mensagem dos raios em riscos

na tela

que se pinta diante de mim

Sei apenas

Tudo isto

Preciso

Nada sei explicar

Ponho-me a cantar

o povo dos raios

a cavalgar nuvens de chuva

Pelado no céu!

 

 

 

 

 

 

 


 

Gatos Pretos no Quintal da Madrugada

 

Mais de meia noite e meia

Lua cheia

deixando tudo na noite preta

com aura azul

E eu não consigo dormir e saio na janela

E sete gatinhos pretos pulam e saltam na grama

Sua mãe gata velha

observa de longe

E este virou um canto magico e selvagem

dentro de mim...

 

A Força do Poeta!

 

Minha canção mesmo que triste ainda existe!

Persiste

Sobrevive

Insiste!

Perco tudo

mas não perco minha canção!

 

__________

18/07/2000

 


 

Minha Própria Lenda!

 

Fui um pequeno garoto perdido

e pobre

Reprimido

A despertar sonhos imensos

Como dizer?...

Que este poeta adolescente

Subiu ao céu

em um carro de fogo

Puxado por alados leões cantores

e negros e brancos rugiam

com olhos-faróis

vermelhos

de paixão de querer viver!

Um herói mancebo

Saído das prisões de Posídom

Vindo do Hades húmido

E das loucuras de Vênus-menina

Cansado das amarguras da Velha Lua

e se libertou!

Chegando ainda infante

ao Sol!

 

 


 

Tradução: Quase Triste

(E o dia em que eu sarei da Depressão)

 

"Minha cabeça acorda

cinco minutos antes de mim

e diz:

Tava te esperando! (Passarinho que dorme com morcego acorda de cabeça para baixo! )

Ela me diz mais:

Estive acordada a noite inteira..."

. Do filme Georgia

 

O Verso:

Vou dizer algo idiota

e ficar feliz!...

Sabe, aqueles dias em que o desgosto

e a solidão,

da tristeza e da súplica se misturam?!
E misturam mais:

Melancolia

Descrença

Inutilidade!

Ah! A Lembrança de todos os sonhos!

Não realizados... 

Machuca

Quem nunca viveu estas horas intermináveis dos dias sem sentido?

Quando nos perdemos de nossa busca

e de nós mesmos!?...

Eu não queria deixar esta mensagem de depressão e perda

mas não é também assim...

É pra mostrar que eu sobrevivi!

O cigarro na varanda

é meu único companheiro

e mesmo assim eu vou parar de fumar!

Não sei qual o significado

Disto tudo que sinto

'Quase triste'

Quase morto! Eu diria...

É uma dor suave e latente

que continua por horas a fio...

Feito uma torneira que pinga

e você fecha

e ela continua pingando!

(Pelo amor de Deus eu não quero pingar!)

 

E de volta ao tal filme Georgia,

a música me traduzia...!:

"Ó tempos difíceis não voltem mais!

(...)

Sem você o meu mundo

não teria graça nenhuma!

(...)

O que me deixa louco

é pensar que posso te perder!"

Diagrama da Serpente

 

Uma descrição poética ao amigo Valdeci.

 

Vamos viver de sonhos

Viver de brisa

Vamos?!

“Insufocante” e louca...

Viver de Ribalta!

Comer poesia e arte...

Trabalhar em quê?

Estar acima das guerras da vida!

Vamos?!

Despertar a fúria no peito

Vem?

A fera selvagem

Vertigem!

O Caminhante do Céu...

-Me chamo Paixão!

Vem viver na ira da flor!

Há quem diga ao mundo a sua dor...

Eu não!

Eu traduzo sonhos

Eu transo ideias

Eu canto você meu Amor!...

Eu sou as garras da fera

Ardente Quimera

Feita de mel e metal!

O vento sopra meus cabelos

A minha canção é incerta

Luzes e neons de boates sonhadas

pra uma vida brilhar!

Há doçuras imensas no meu beijo...

E venenos na minha língua!

...

E eu a te traduzir:

A liberdade é destino...

Caminho!

Que escolheras tu mesmo

ainda menino

Se puderes medir

a vastidão da Paixão...

A profundidade do rio

que és...

Que te reflete no tempo

Seria tão suave e santa...

A tua comoção

até o paraíso da Serpente!

 

Notas:

A- Sonhos selvagens

B- Amo a correnteza das águas

mas não sou levado por ela!

C- É preciso ser poeta

para te sentir de verdade

Para te compreender

na integridade!...

 

 

 

A Hora Derradeira

 

Agora é a hora derradeira

Em que o tempo acaba

e o ciclo se fecha!

E temos de escolher

que caminho percorrer

O Novo Tempo a ser vivido...

*

Acabou o mundo

A farsa como a conhecemos

Sufocou o grito do herói

E maldisse as virgens do deserto

Mas qual a escolha?

Sol ou buraco espacial sugador?

Casa ou imensidão?


 

Mitologia Simbólica sem saber fazer...

 

A minha verdade sobre a cera de Ícaro:

É que mais vale cair das nuvens

que do quinto andar do Renato Russo!...

Outra citação a ele:

"Vamos lá

tudo bem

eu só quero me divertir

esquecer

dessa noite

ter um lugar legal

pra ir..."

Legião Urbana.

Docê´ncanto!

 

Feito Leãozinho de Caetano

Fica ao sol!

Pra eu ver

Minha cabeça...

Endoideça!

E nada mais preciso fazer

da vida...

O dia

A tarde

O vento

O jornal e a banca de revista

Correm soltos largados...

Correm ao vento notícias

e eu nada precisarei mais fazer

Que esforço?

Que recompensa

Que trabalho medito?

Deixa...

q´eu mesmo desço o calção

já pouco aberto...

Desnudando a tatuagem e o dragão...

 

 

 

 

 

 

 

 

Você na Chuva

 

Que esta chuva que te molha...

Cada pingo!

Seja um bejo meu!

Que te beja!!

Que te proteja!!!

E sete flechas rubras de desejo

atinja

o teu peito molhado por mim...

Meu erro fatal?:

É que nesta chuva

eu uso guarda-chuva!

Impossibilitado de amar...


 

Bra (n) do

 

                                                                               Poema meu e do Renascido...

 

Faça só o que achar que deves!

Grites...

Uives!

Desespere-se

Mas não deixe de bradar teu peito

Cante mesmo!

E não deixe de chorar teu pranto...!

Toques

o fundo do mundo

Todos os tambores

são teus menino-mundo!

Acredite!

Toque fundo as almas cansadas...

E com o semblante cálido da inocência

Deixes seguir o teu trajeto

Objeto em chamas no céu!

A clarear a noite escura

Da humanidade

Abobada dos ventos

o teu verso

o teu desejo

é a Liberdade!

O teu Destino!

Brando...

Poeta e menino!

E sonho um dia que vais ainda cantar

No meu ouvido indecente

Aquela música só da gente:

“Eu sou a areia da ampulheta

O lado mais leve da balança...”

Tipo Raul...

Nú!

No telhado de minha casa

Abrindo o portal da Nova Era

Só pro nosso amor ser permitido!

 

 

*Vinte anos depois você cantou!

Adendo a 2020


*

Quando a poesia chegou em mim

Era um batismo

Que recebi!

Um vento bravo

do Espirito!

Eu me tornei outro - Secreto

Um eu diferente vivia dentro

de meu peito a partir daquele momento

E ninguém sabia...

Meus poemas ficaram escondidos

por décadas dentro de gavetas

Até que um dia

A represa rebentou

A barragem já não podia mais conter

A poesia na carne desabrochou

E eu mesmo com medo

Deixei o rio acontecer!

**

Quando se move dentro de mim o ritmo

Da música

Treme nervos e sangue o tambor

É Poesia na Carne que sinto!

Quando o fluxo do calor sobe ao rosto

E queimam orelhas e cega a mente

É Poesia na Carne que sei!

E se tocas de leve meu peito

É Poesia na Carne que eclode

E quando eu vejo que canta em mim

A força da canção que ainda não nasceu

De minha boca nem

Foi escrita pela mão

E reverbera por dentro do meu ser

- Minha alma estando nesta capsula que é o corpo e acende esta massa -

É Poesia na Carne que sou!

 

 

***

Música na carne

 


 

Sobre este livro...

Ele é um prelúdio de Versos de Fogo e da chegada de William Garibaldi em minha vida, sem que eu ainda soubesse. Chegava aqui o meu heterônimo, o meu eu mais profundo brota e surge de dentro de mim, do meu passado ou da mistura de tudo que fui e serei... O meu eu verdadeiro chegou.

Este livro em suas mãos também poderia ser chamado de Crua Poesia, O Último Inconfidente, ou algo como Rua brilhando ao sol depois da chuva ou Coração Selvagem II

 

 


 

William Marques de Oliveira,

Mineiro de Caxambu e Baependi e carioca-paulistano de coração. Ah e também Italiano, Argentino e Gauche! Seu primeiro livro publicado independente foi Coração Selvagem. Em Seguida o Canário Amarelo e o Beijo de Estrela e agora este em suas mãos. Assim segue a publicação da primeira fase de sua poesia escrita nos anos de 1999 a 2001. Quando se descobriu poeta. Ou quando ouviu pela primeira vez a música na carne.

Contato:

billbaeskype@outlook.com

 



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